Friday, September 08, 2006

Primeiros dias de muita felicidade em Londres!

Quem disse que a melhor cidade do mundo é Paris ou New York ou Rio de Janeiro? Ledo engano. Cidade interessante, bonita e que dá gosto viver é LONDRES. Estava certo Caetano Veloso ao escrever a música London London, reverenciando essa cidade.

Bem, vamos às peripécias.

Na quarta-feira passada (dia 30 de agosto) acordei me sentindo um lixo. Tomei um chuveiro para afastar os vírus e os maus espíritos, preparei um café para nós três e resolvi acompanhar Flavia até a estação de metrô mais próxima, para, ao menos, aprender como começar a me virar. Aprendi onde fica o supermercado e a farmácia (Boots) mais próximos e comprei um Oyster (um cartão que permite andar de metrô ou ônibus quanto quiser durante uma semana, e sai mais barato que comprar cada passagem individualmente, além de ser mais rápido pois não é necessário comprar um ticket para cada viagem).

Pela manhã então fiz umas compras para a casa no supermercado e no Boots (toneladas de lenços de papel...). Aí vi que embora deliciosa, a vida de Bibinha não é tão fácil assim.... Pegar o metrô e voltar para casa carregando algumas sacolas de supermercado não é mole... e para quem já estava mole, pior ainda.

Cheguei em casa, guardei as coisas e resolvi ficar quietinha e ao abrigo das intempéries, ao menos durante a maior parte do dia, e cuidar do resfriado. Um cliente havia me procurado para fazer um pequeno trabalho e eu havia aceitado para entrega na sexta-feira. Resolvi pois aproveitar que estava de molho e que não seria aconselhável sair, para adiantar quase a metade do trabalho. Pois é... se a vida te dá um limão... façamos uma limonada!

Almocei em um restaurantezinho italiano simpático em frente da casa de Bia. Comida boa, precinhos salgados para nós, pobres mortais que ganham em reais ou mesmo em dólares... Tenho que me acostumar a não pensar em reais, pois se assim for, não faço nada!

Fui dormir exausta... Bia havia decidido dormir com Flávia e me deixar sozinha no quarto dela, não só para não pegar meu resfriado, mas principalmente, creio eu, para fugir de meus roncos... Mas... eis que Bibinha me acorda, vindo com os olhos esbugalhados e o telefone na mão e meu coração já havia saltado pela boca apesar de ela falar “Mãe, não aconteceu nada... não aconteceu nada... mas seu carro foi roubado e é a Joaninha no telefone”. Joaninha, minha pequena toda nervosa... desesperada e sem saber que eu estava calma, surpreendentemente calma. Provavelmente eu me sentia tão miserável com o resfriado e ao mesmo tempo tão aliviada em saber que era apenas um problema material e que seria ressarcida pelo seguro, que nada me abalou. Demorei para dormir, mais preocupada com o nervosismo de Joaninha que com o roubo do carro propriamente dito. Na realidade, como estava pensando em viver sem carro mesmo, ao chegar no Brasil trato da papelada frente ao seguro, espero a grana, aplico-a e tento um novo “modus vivendi”.


Na quinta feira, 31 de agosto, acordei ainda bem resfriada e resolvi ficar em casa de manhã. Acabei o trabalho para meu cliente nos EUA e só. Almocei em casa mesmo e depois que a Flávia chegou, fomos para Somerset House.

Trata-se de uma construção belíssima do século XVIII com um enorme pátio interno donde brotam dezenas e dezenas de fontes de água. Ali estavam crianças a brincar de maiô... OMIGOD, só crianças inglesas para estar de maiô com aquela temperatura. Não que estivesse frio... mas também não estava quente o suficiente para deixar crianças brincando naquela água gelada. No inverno congelam aquele pátio para as pessoas patinarem no gelo. Teria valido a pena o passeio se fosse só para ver o prédio. Somerset House abriga o acervo do Courtauld Institute of Art, a Gilbert Collection e o Hermitage Rooms. Escolhemos ver a Galeria de arte do Courtald.


Gente... que beleza de arrepiar. O forte da Courtald são os impressionistas embora também haja alguns pós-impressionistas como Kandinski, Leger e um tal de Oscar Kokoshka, que nunca vi antes e também não faria falta. Lá ficamos horas a fio vendo Monet, Manet, Pissaro, Toulouse-Lautrec, algumas das bailarinas de Degas, Cézanne, e o famoso retrato auto-retrato de Van Gogh com Orelha Enfaixada. Pretendemos voltar lá para ver o acervo da Gilbert Collection (artes decorativas) e que, no momento também expõe jóias da Tiffany datadas desde 1837. Voltamos para casa. Flávia ia sair com um amigo e Bia e eu decidimos nesse dia jantar em um restaurante chinês que também serve comida tailandesa... deliciosa!


Na sexta-feira, eu já me sentia bem melhor do resfriado e decidi pegar um metrô logo de manhã para ir ao Science Museum. O Science Museum fica numa área em que há vários museus, inclusive o de História Natural e o Victoria & Albert Museum. Todos em prédios lindíssimos do século XVIII, creio eu.

Apesar da criançada e das avós que as acompanham e insistem em explicar tudo alto a seus netinhos, valeu a visita ao Science Museum. É enorme e só me foi possível ver bem o terceiro, o quarto e o quinto andares, mais voltados para medicina e ciências biológicas. Muito bonita a exposição sobre a história da medicina. Dei ainda uma corridinha pela área de computação e matemática. Ali vi toda a trajetória da computação, desde os primeiros computadores enormes. Foi engraçado observar que os especialistas daquela época se vangloriavam do tamanho dos computadores (o computador naquela época deveria ocupar cerca de 30 metros quadrados!) e de sua “espantosa” velocidade de cálculos, o que para nós é feito até por calculadoras de bolso. Passei depois na lojinha do museu onde continuei a me divertir e tive que me conter para não comprar um monte de coisinhas interessantes. Comprei um gadget para Neal ( ele é louco por gadgets) . Para mim, compre dois panos de limpeza ecológicos bárbaros. Evitam o uso de substâncias químicas de limpeza. Basta umedecer e voilá... tudo pode ser limpo com esses paninhos. Vou deixá-los em meu escritório para limpar computers e o que mais for necessário. Depois do museu, passei ainda no supermercado para encher um pouco mais nossa geladeira. Quando cheguei em casa (pois é quase sinto que também é minha casa!) passei um aspirador no quarto de Bibinha e dei uma limpada na cozinha e no banheiro com o famoso paninho. E não é que funciona às 1000 maravilhas ?
Quando Bibinha chegou do trabalho, preparei um jantarzinho para nós duas e ficamos quietinhas em casas, lendo e vendo TV... Conforme o sotaque de quem fala na TV tenho dificuldades em entender. Esse negócio de falar “plice” para “place” e coisas assim, além de expressões locais me confundem bem.

Fui dormir cedo... cansada e feliz por ver tantas coisas interessantes.


Sábado, dia 2 de setembro... tempus fugit! Já estamos em setembro. Acordei com uma recaída do resfriado e uma baita enxaqueca. Imediatamente pensei “Merda! Justo no sábado que eu pretendia passear com Bibinha!”. Mesmo assim me levantei, tomei um bom chuveiro, um Tylenol, um café forte e como me senti então ligeiramente melhor resolvemos sair assim mesmo. Pegamos o metrô, descemos em Charing Cross e loguinho ao lado estava tendo uma baita liquidação de sapatos. Lógico que Bibinha e eu não resistimos. Eu comprei um sapato marinho e gelo lindinho que me custou apenas 7 libras e Bibinha um sapato italiano marron para trabalho por 12 libras. Nem no Brasil compraríamos por esse preço. É que aqui, quando há liquidação os preços são realmente bem baixos. Há estações definidas e assim ao término de uma estação eles renovam tudo mesmo. Não é como em SP que faz calor em julho e frio em dezembro... Saimos da loja felizes da vida com nossas novas aquisições e rumamos para Trafalgar Square.

Em Trafalgar Square estava acontecendo um festival em prol de instalações, mecanismos de facilitação da vida e trabalho para deficientes. É admirável como eles tentam apoiar e facilitar a vida dos deficientes. Seria bom se no Brasil houvesse essa mesma preocupação Fomos visitar então a igreja de St. Martin-in-the-Fields, uma igreja do século XVIII, muito linda e sem os rococós das igrejas católicas.

Depois descemos à cripta da igreja, onde havia uma lojinha e onde Bibinha comprou uma lembrancinha para o pai.... e meu presente de aniversário. Um lindo conjunto de caneta tinteira (à moda antiga, em que você coloca a pena que quiser) com penas e tinta. AMEI!!

Encontramos então com uma amiga de Bia, e rumamos as três para a National Gallery. Lá... almoçamos e tomamos mais um delicioso banho de impressionistas, com direito aos famosos girassóis de Van Gogh e sua memorável Cadeira Amarela, pontilhismos de Seurat (maravilhosos), além de pintores ingleses – óbvio – como Turner. Saímos de lá exaustas mas em estado de graça...

Resolvemos ainda percorrer Charing Cross Road, a rua das livrarias de Londres. Aquilo é de deixar qualquer um louco. Imaginem que há livrarias que vendem EXCLUSIVAMENTE livros sobre casos verídicos de crimes! Outras que vendem só livros policiais e de terror. Outras, só arte e nada mais. Isso sem contar com as enormes livrarias gerais, como a Foyle`s, que durante muitos anos foi a maior livraria do mundo, mas acho que agora é apenas uma livraria muito grande... mas não a maior do mundo.

Lá, Bia e eu ficamos horas fuçando nos livros. Fui para a seção de livros sobre artesanato e anotei os títulos de todos os que me interessaram, para encomendar da Amazon, usando os vale-presente que minha sogra e cunhados me mandaram de presente de aniversário. Vai ser uma maravilha! Fomos a outra livraria (Soho Book Store) que vende livros a preços irrisórios. São livros novos, mas seus preços são muito inferiores aos impressos na contra capa por terem pequenos defeitos, como por exemplo uma borda com uma manchinha ou um arranhão leve na capa. Lá Bibinha achou um livro ultra-interessante para dar para o pai... e eu comprei um outro para o Neal. Adivinhem o que havia no andar de baixo da livraria ? Uma sex shop! Que mistureba... cultura e sexo.

Depois desse sábado bem agitado resolvemos ter um domingo mais tranquilo. Logo de manhã fomos para Richmond, um subúrbio “posh”de Londres. Visitamos o local e notei que as casas dos ricos ingleses são muito diferentes do que vemos no Brasil ou nos EUA. Como o país é pequeno, o preço do centímetro quadrado é muito alto e por isso os jardins das casas são praticamente inexistentes ou inexistentes mesmo. Isso jamais aconteceira em um bairro de classe A no Brasil ou nos EUA, com suas dimensões continentais. Para contrabalançar o parque de Richmond é ENORME. Calculo umas 20 vezes maior que o Ibirapuera. Andamos, andamos e andamos durante várias horas e não conseguimos cobrir sequer 1/5 do parque. Tem um estilo de fazendão, com vegetações as mais variadas, animais soltos pelo parque e chegamos a ver grupos enormes de veados. Mas enormes mesmos. Atravessavam as ruelas e todo mundo tinha que deixá-los passar. Um deles, que liderava uma fila de veados, começou a andar bem devagarinho, como se estivesse desafiando os carros que queriam andar pelas ruelas. Era uma veadagem de dar gosto...

Mais... muito mais notícias em breve... Hora de sair e aproveitar o frio banhado pelo sol do verão londrino

2 comments:

Anonymous said...

amor, posso te garantir que vc, como sempre, me acalmou pra caramba!
te amo!
joaninha.

LuSinger said...

Eu também te amo e já estou com muitas saudades de você!